sábado, 9 de outubro de 2010

MEMORIAL DO CERRADO.

Memorial do Cerrado já recebeu mais de um milhão de visitantes e é modelo para Pernambuco


Goiânia, 05.08.2010

Complexo cultural e científico que integra o Instituto do Trópico Subúmido (ITS), da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, que prima pela beleza e pela rica história que apresenta a seus visitantes, e eleito em 2008 o “Ponto mais bonito e símbolo de Goiânia”, conforme iniciativa da TV Anhanguera, o Memorial do Cerrado completou 10 anos, período em que recebeu mais de hum milhão de visitantes e é referência nacional. Com a intenção de montar, nos mesmos moldes, o Memorial do Bioma Caatinga, em Santa Maria da Boa Vista, PE, uma comitiva de representantes dessa cidade, tendo à frente o prefeito Leandro Rodrigues Duarte, 44 anos, do PSDB, encontra-se em Goiânia, tendo sido recebida na manhã desta quinta-feira, dia 5, em audiência na Sala de Reuniões da Reitoria e à tarde irá ao Campus II da instituição, para conhecer ‘in loco’ esse espaço da PUC Goiás.
Mais antigo município de Pernambuco e segundo em território, margeando o Rio São Francisco, Santa Maria da Boa Vista vem sentindo o grande processo de desertificação da região, diante do desordenado desmatamento, e decidiu mudar esse roteiro. Com a criação da Rede Integrada de Desenvolvimento Econômico (RIDE), a terceira do País, a Prefeitura está unindo esforços, com a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), que tem sede na cidade, e com a Embrapa Semiárido, que reúne excelentes pesquisadores, para realizar estudos que norteiem um trabalho de resgate da Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro e endêmico, e buscar experiências da área, como o Memorial do Cerrado, para montar idêntico projeto na cidade.

AUDIÊNCIA
A comitiva de Santa Maria da Boa Vista foi recebida pelo reitor Wolmir Amado, vice-reitora Olga Ronchi, pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa, Sandra de Faria, chefe de Gabinete da Reitoria, Giuseppe Bertazzo, e professor Altair Sales Barbosa, do ITS. O Prefeito, que cumpre o terceiro mandato, discorreu sobre o seu município, o trabalho que realiza e as iniciativas que pretende adotar para reverter o preocupante quadro na economia regional. Ressaltou os projetos culturais, a revitalização do casario antigo e as ações na área de música, citando a oportunidade de aprendizagem de instrumentos de sopro, flauta, violino e violão, e a ‘Serenata da Recordação’, em junho, já na 12ªé edição, e disse da intenção de criar o Memorial do Bioma Caatinga, a partir do exemplo importante realizado pela PUC Goiás.
Acompanham o prefeito Leandro Duarte a secretária de Cultura, Turismo e Meio Ambiente, Suely Gonzaga, a assessora Sueli Duarte, o arquiteto e consultor Cosme Cavalcante, e o analista e gestor de turismo Helder José Gomes Freitas, do Sebrae-PE.
Como outras comunidades do Vale do São Francisco, Santa Maria da Boa Vista foi inicialmente uma fazenda de gado do domínio de Garcia D’Ávila; e depois da família Brandão, com uma propriedade denominada ‘Fazenda Volta’. Em 1672 havia várias aldeias índigenas na região, destacando-se a dos Coripó, na ilha de Santa Maria, e dos Cariri, na ilha do Aracapá. A paróquia foi criada por ato da Mesa da Consciência e Ordenas de 30 de janeiro de 1672, sendo instalada em 14 de agosto do ano seguinte, tendo como padroeira Santa Maria, sob invocação da Imaculada Conceição. Pertenceu inicialmente à Diocese de Olinda, posteriormente à de Pesqueira e Floresta, e finalmente à de Petrolina. Seu primeiro vigário foi o padre Ezequiel Gameira, sendo frei Anastácio d`Audierne o primeiro sacerdote a desembarcar na região. Outros missionários que atuaram no município, naquela época, foram François Danfront, Boaventura, Frei Martin de Nantes e Frei Apolinário. Localiza-se a 08º48`28" de latitude sul e 39º49`32" de longitude oeste, a uma altitude de 361 metros. Sua população estimada em 2004 era de 41.870 habitantes Ocupa uma área de 2.977,8 km²

MEMORIAL DO CERRADO
O reitor Wolmir Amado mostrou a PUC Goiás, sua história e sua missão como colaboradora para o desenvolvimento sociocultural de Goiás, já tendo formado mais de 75 mil profissionais, de várias áreas, e discorreu sobre o Memorial do Cerrado que, como explicou, é dividido em dois setores – o Museu de História Natural, que conta a história evolutiva que hoje corresponde à região dominada pelo Sistema Biogeográfico do Cerrado, desde as suas origens até o início da colonização portuguesa; e a Vila Cenográfica, que resgata a história da ocupação portuguesa no interior do Brasil, com seus espaços urbanos e rurais. Engloba também duas réplicas: de uma aldeia indígena, mostrando a etnografia dos índios da região, e de um quilombo.
“O Memorial do Cerrado é hoje referência internacional”, disse, ao informar que todos os eventos da cidade sempre incluem uma visita a esse espaço, que atrai pesquisadores e estudiosos. Explicou todo o esforço na viabilização do projeto, diante da peculiaridade da PUC Goiás com o ensino, a pesquisa e a extensão, e que o retorno é mais demorado, como agora, 10 anos depois, quando registra mais de um milhão de visitantes nesse período. Propôs a assinatura de um termo de cooperação para viabilizar o Memorial do Bioma Caatinga.

CAATINGA
A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro e ocupa uma área de cerca de 850.000 km², cerca de 10% do território nacional, englobando de forma contínua parte dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia (região Nordeste do Brasil) e parte do norte de Minas Gerais (região Sudeste do Brasil). Apresenta vegetação típica de regiões semi-áridas com perda de folhagem pela vegetação durante a estação seca. Anteriormente acreditava-se que a caatinga seria o resultado da degradação de formações vegetais mais exuberantes, como a Mata Atlântica ou a Floresta Amazônica. Essa crença sempre levou à idéia de que o bioma seria homogêneo, com biota pobre em espécies e em endemismos; está pouco alterada ou ameaçada, desde o início da colonização do Brasil, tratamento que tem permitido a degradação do meio ambiente e a extinção em âmbito local de várias espécies, principalmente de grandes mamíferos, cujo registro em muitos casos restringe-se atualmente à associação com a denominação das localidades onde existiram.
Estudos e dados mais recentes apontam a caatinga como rica em biodiversidade e endemismos, e bastante heterogênea. Muitas áreas que eram consideradas como primárias são, na verdade, o produto de interação entre o homem nordestino e o seu ambiente, fruto de uma exploração que se estende desde o século XVI. Quanto à flora, foram registradas até o momento cerca de 1.000 espécies, estimando-se que haja um total de 2.000 a 3.000 plantas. A fauna é depauperada, com baixas densidades de indivíduos e poucas espécies endêmicas. Apesar da pequena densidade e do pouco endemismo, já foram identificadas 17 espécies de anfíbios, 44 de répteis, 695 de aves e 120 de mamíferos, num total de 876 espécies de animais vertebrados, pouco se conhecendo em relação aos invertebrados. Descrições de novas espécies vêm sendo registradas, indicando um conhecimento botânico e zoológico bastante precário deste ecossistema, que segundo os pesquisadores é considerado o menos conhecido e estudado dos ecossistemas brasileiros.
A caatinga tem um potencial econômico ainda pouco valorizado. Em termos forrageiros, apresenta espécies como o pau-ferro, a catingueira verdadeira, a catingueira rasteira, a canafístula, o mororó e o juazeiro que poderiam ser utilizadas como opção alimentar para caprinos, ovinos, bovinos e muares. Entre as de potencialidade frutífera, destacam-se o umbú, o araticum, o jatobá, o murici e o licuri e, entre as espécies medicinais, encontram-se a aroeira, a braúna, o quatro-patacas, o pinhão, o velame, o marmeleiro, o angico, o sabiá, o jericó, entre outras. A caatinga é uma savana - estépica com fisionomia de deserto, que se caracteriza por um clima semi-árido com poucas e irregulares chuvas, solos muito férteis e uma vegetação aparentemente seca.A vegetação muito reduzida por a falta da água nessa região.
Esse patrimônio encontra-se ameaçado. A exploração feita de forma extrativista pela população local, desde a ocupação do semi-árido, tem levado a uma rápida degradação ambiental. Segundo estimativas, cerca de 70% da caatinga já se encontram alteradas pelo homem, e somente 0,28% de sua área é protegida em unidades de conservação. Em 2010, no primeiro monitoramento realizado sobre o bioma, constatou-se que a caatinga perde por ano e de forma pulverizada uma área de sua vegetação nativa equivalente a duas vezes a cidade de São Paulo. A área desmatada equivale aos territórios dos Estados do Maranhão e do Rio de Janeiro somados. O desmatamento da caatinga é equivalente ao da Amazônia, bioma cinco vezes maior.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, restam 53,62% da cobertura vegetal original. A principal causa apontada é o uso da mata para abastecer siderúrgicas de Minas Gerais e Espírito Santo e indústrias de gesso e cerâmica do semiárido. Os dois estados com maior incidência de desmatamento deste tipo de bioma são Bahia e Ceará. Estes números conferem à caatinga a condição de ecossistema menos preservado e um dos mais degradados, conforme o biologo Guilherme Fister explicou em um recente estudo realizado na Universidade de Oxford.

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